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Pesquisa sobre skate desenha intercâmbio internacional

O skate envolve implicações socioculturais mais extensas e profundas do que sugerem os milhões de praticantes mundo afora, o mercado bilionário impulsionado pela inclusão olímpica ou as manobras desconcertantes dos bambas reunidos no Rio para o STU, principal competição da modalidade street e park. A relação do esporte com a juventude – suas representações, aspirações, mobilizações – é esmiuçada por pesquisadores como o sociólogo Neftalie Williams, pós-doutor da Universidade do Sul da Califórnia, fundador do College Skateboarding Educational Foundation (CSEF), ONG que reúne bolsas no ensino superior a jovens skatistas; e a coordenadora de Estudos de Mídia da PUC-Rio, Cláudia Pereira, fundadora e coordenadora do Laboratório de Culturas Midiáticas das Juventudes (LabJuX).

Essas frentes de pesquisas ensaiam trabalhos conjuntos. A perspectiva se desenhou na terça-feira passada (11), quando Williams, em visita ao Departamento de Comunicação da PUC-Rio, conversou com Cláudia sobre a possibilidade de conjugar investigações em torno das dimensões sociais, culturais e comunicacionais do skate.

Crédito: Jorge Paulo

"O encontro com o pesquisador Neftalie Williams foi inspirador para o LabJuX, projeto de extensão que coordeno no Departamento de Comunicação. Primeiro, porque revelou que, mesmo vivendo em contextos diferentes, estamos pensando sobre questões muito convergentes, como por exemplo o papel da prática e da cultura do skate nas cidades, como ferramenta de mudança social. Em segundo lugar, porque Neftalie expressou o desejo de realizar futuros projetos em conjunto, abrindo as portas para uma parceria internacional", anima-se Cláudia.

Neftalie Williams se debruça na cultura dos esportes de ação para investigar questões globais de raça, diversidade, identidade e empoderamento de jovens. Além de cofundador do College Skateboarding Educational Foundation, criou também o Nation Skate, conjunto de painéis públicos, palestras e demonstrações esportivas centrados no skate. Atua ainda nos conselhos da Tony Hawk Foundation, Skateistan, McKinnon Center for Global Affairs e do Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão para o Skate dos EUA.

Já Cláudia Pereira está à frente do LabJux desde a sua criação, em 2016. A pesquisadora acompanha a fundo as transformações do skate na vida contemporânea. À ascensão esportiva e econômica da atividade, articulam-se mudanças sociais, conotativas, simbólicas:  

"As pesquisas que desenvolvemos são consequência de uma observação confirmada só nos últimos anos: o skateboarding passou a ser, para a publicidade, uma representação incontestável de valores positivos da juventude. Isso se deve à sua esportivização, coroada com sua inclusão nos Jogos Olímpicos.  Para nós do LabJuX, tem sido muito rico acompanhar as mudanças pelas quais passa o skate, que sai da marginalidade e se torna praticamente um programa de família”, ressalta Cláudia. Ela completa:

“Tanto a narrativa publicitária como o discurso jornalístico voltados para o skate revelam o quão rápido pode mudar o senso comum a respeito das coisas. Em paralelo, estamos descobrindo iniciativas muito importantes de jovens ativistas que lideram projetos sociais no Rio de Janeiro. Ou seja, os skatistas têm muito a ensinar à sociedade. E já começaram, é só prestar atenção."

As pesquisas da professora Cláudia Pereira foram tema da coluna Esquinas do Esporte, da revista Veja Rio.


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