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Experiências de extensão fazem a ponte entre a produção acadêmica e comunidades

No segundo semestre de 2022, alunos de Comunicação Social deram início às atividades de extensão universitária na graduação. As turmas de Jornalismo e Cidadania produziram reportagens, releases e posts para as redes sociais do Jornal Fala Roça e do Museu Sankofa Memória e História da Rocinha. E no curso de Estudos de Mídia, alunos da disciplina Publicidade, Arte e Design desenvolveram a identidade visual e um material de sensibilização sobre a questão da pobreza menstrual, para ser veiculado nas redes sociais da Fundação Darcy Vargas, que atende adolescentes e jovens do Morro da Providência e entorno.

Na Rocinha, o trabalho começou com a ida dos estudantes à comunidade. A turma de Jornalismo e Cidadania da professora Lilian Saback assistiu a uma aula sobre a história da favela ministrada pelo jornalista Michel Silva na sede do Jornal Fala Roça. O outro grupo, com alunos da professora Alessandra Cruz, participou do Rocinha Histórica Tour, uma visita-guiada pela equipe do Museu Sankofa nos becos e ruas da comunidade. A partir desses encontros foram definidas as pautas que serão publicadas nos sites e redes das duas instituições.

Anna Luísa Souza está no 4º período de Jornalismo e aponta que a visita à sede do Jornal Fala Roça e a produção de reportagens para o veículo é uma oportunidade de construir um outro olhar sobre a favela:

– Esse panorama histórico foi muito importante para minha conscientização, como alguém que não vive na Rocinha. A aula foi ministrada pelo Michel e pelo Osvaldo, que fazem parte da equipe do jornal. Escrever uma matéria para o Fala Roça é um desafio, já que o trabalho feito lá é um exemplo de jornalismo. Porém, mais que isso, é recompensador aprender com eles, uma sensação única!

Assim como ela, o aluno Danilo Akel ressaltou que a experiência de circular pela Rocinha durante o tour do museu ajudou a desmistificar a narrativa de que a favela é um lugar extremamente perigoso e violento. Ele escolheu como pauta para as redes Sankofa falar sobre a forte presença de migrantes nordestinos na comunidade e contar um pouco da história deles.

– A teoria é fundamental, é a base, mas só o pensamento não transforma. Então a gente tem que ter um aspecto prático, botar a mão na realidade e mexer, e a extensão dá essa oportunidade pra gente. A gente estuda numa escola que é privada, mas tem laços muito estreitos com a comunidade. É importante que o conhecimento produzido aqui seja compartilhado, e não só compartilhado, mas usado em prol das pessoas, em prol da comunidade – assinala Akel.

A proposta dos trabalhos está alinhada com as diretrizes para a extensão universitária, definidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024) e regulamentadas em dezembro de 2018. A partir de 2023, a Extensão Universitária passa a compor de forma obrigatória a matriz curricular dos cursos de graduação, com o objetivo de promover “a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade”.

A proposta dos alunos produzirem conteúdos para “clientes” reais também foi explorada pela professora Barbara Assumpção. Os estudantes matriculados em Publicidade, Arte e Design precisaram aprender mais sobre a questão da pobreza menstrual e criaram peças que já estão sendo usadas nas redes da Fundação Darcy Vargas. O tema vem sendo trabalhado na escola desde o início de 2022, por iniciativa das alunas de uma das turmas do Ensino Médio. Para a Coordenadora Pedagógica da instituição, professora Cristina Gouveia, a produção dos estudantes da PUC veio somar para tornar o projeto Coletando Afetos ainda mais bonito: “Eu fiquei encantada com o conteúdo, com a qualidade do trabalho. Era tudo o que a gente queria e os alunos superaram. Fiquei muito feliz com o resultado”, destaca.

Créditos: Alessandra Cruz